segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Sem Nome 1

A visita freqüente à passividade debilitou-me a alma,
tornando-me num encharco como se tivessem, por maldade,
posto uma criança, dentro de um pequeno cesto, num rio onde navegassem feras marítimas e as suas águas corressem para o infinito nada.
As carnes se me contraem por dentro, um arrepio de absurdo faz
com que me comecem a arder os olhos, a respiração se torna claudicante
e penso que o coração finalmente me tirará a vida parando.

Mas não pára. Não pára e há tudo o de sempre, cujo aspecto fora o
mesmo de antes da minha vertigem metafísica, evidenciando que o meu claustro
é a bonomia e me faltam bordas para que possa transbordar a alma.
Eu sinto ansiedade. Mas quem sente ansiedade anseia por algo,
talvez um sonho ou um objeto igual ao do vizinho.
Entretanto o que anseio, eu que não vejo pelo que se ansiar
e desliguei a tomada da pequena caixinha de música dos sentimos ternos
para que pudesse ouvir ecoar a sonata sublime de uma incerteza absoluta,
não olvidando que além da escuma da quimera feliz há também o destino?

Tenho o estofo dos que morreram para uma idéia,
eunucos por se deixarem abater por páginas estúpidas de um conhecimento estúpido,
um Newton com a mecânica da vida entrincheirada nas trincheiras do mistério,
soprando o pó que fez de dádiva o que fora falado por homens salvaguardados pela história dos grandes fatos.
Alguém que não fosse eu talvez ficasse feliz por isso, mas não fico. Desespero-me.
Quero o que não sei o que é, cansar-me de mim o quanto suficiente
para que o máximo da exaustão ainda não seja tudo;
quem sabe a verdade em palavras afáveis, ou uma simples garantia
de que o contemplar a rua não é ato tão vão.

Ah... o desdouro da vida...
Traz-me em vícios, pois há limites na razão.

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