quarta-feira, 31 de março de 2010

Schubert

Sensibilidade para Schubert...
É jocoso, mas, independente do disparate,
dessa aquarela derramada sobre as faces que Lorca dissera sem rosto,
adornando de cores vivas o vazio de não haver cor nenhuma, Schubert é suave.
Schubert é suave e não há o que soe melhor nessas tardes imergidas sob paredes temperadas de sol,
nas quais deus não existe e tudo, aos homens, é permitido:
a transgressão dos  macacos, porque tudo que é racional é moral.
Só Schubert é suave e ninguém ouve Schubert.
Nunca lhe daremos ouvidos suficientes à absorção
dos pequenos pregos que há na sua música,
muito embora haja essa disciplina na dor
e só se construa sentimentos nobres mediante boa fixação
dos enormes blocos de sangue e lágrimas nas paredes do elementar
- onde estão as orelhas absurdas?

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