domingo, 9 de maio de 2010

Elegia

vou ter com as estrelas submersas nesse mar
sombrio que é a minha cama.
tudo isso são águas onde me afogo de torpor e de cansaço.
não haver quem jogue bóias
e desça a ancora aos corais fosforecentes
que tremeluzem cores vivas entre os cardumes atrasados.
deitar-se de madrugada como
se não houvesse na receita a indicação do remédio
que aliviasse a dor nas escamas crispadas pela vergasta.
e ter sonhos intranquilos, durante toda a noite, por isso.

sofrer a precoce morbidade
que degenera os bronquios.
enormes são os pensamentos
alinhados sob o crepúsculo das tardes extremas,
quando a água, onde exercito o nado, é morna
e o corpo precisa de vida.

subtende-se, todavia, que sonhar é estar enfermo.
conclui-se, portanto: sentir é uma nevralgia.

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