sábado, 19 de junho de 2010

Pequena história do amor

o amor se escondeu por detrás da porta. sentiu-se envergonhado. sem precisão o procuram em capiciosas páginas em branco. ele não se mostra. desnuda-se de súbito. só parte da face: de esguelha. ouve o que falam com ouvidos sábios. e retorna para a sua casca. sob a qual sente-se seguro. protegido das palavras.

versam sobre tudo. sobre ele, na verdade, nunca. o amor, sendo anfíbio, possui a pele lisa. escorre por entre mãos ásperas e insensíveis. visita bocas das mais falastronas. ainda assim, contudo, ele não está em nada. pois faz visitas ao seu modo: rápidas, instantes. desliza. evita o deletério. aquece as suas ovas. reproduz: quimeras, discórdias, toda sorte de sentimentos. mas o amor, o amor mesmo, sempre atrás da porta... faz questão de estar ausente.

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