terça-feira, 21 de dezembro de 2010

A retórica da literatura: nota breve

Não raro, em literatura, encontramos autores aos quais nos afeiçoamos devido a uma sucessão de possibilidades. A experiência literária de dado autor acaba transgredindo as fronteiras da ficção e se torna objeto onde leitores se vêem refletidos. De modo que há geralmente nesses livros toda uma problematização característica ao gênero, quando o interlocutor que se viu reverberado na obra encara os grilhões arranjados por quem a escreveu com seriedade, este, após a ler completamente, é alvo da redução ou cessão das diferenças que tinha com as problemáticas abordadas no texto. Quantos mais torvelinhos a obra tiver em comum com quem a lê, tanto maior será a repercussão das suas propostas nessa dada pessoa. O reflexo acentua os seus efeitos ao desenhar, em traços muito bem postos, aquele que se encontra parado diante do espelho, cuja imagem que tem diante de si não permite ser contemplada sem essa ferramenta de reflexão. As características desse fenômeno demonstram o panorama retórico de um livro. Enquanto construção linguística, o texto carrega os seus símbolos fomentados por meio de convenção, fazendo com que linhas e entrelinhas sejam, para além de mera construção artística, partes de um dos fragmentos de verdade: o autor que escreve um livro.

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