domingo, 14 de outubro de 2012

Elegia à Cesária Évora

Voz cândida de Cabo Verde,
desdobrada do continente
aflito aos meus ouvidos,
teu cansaço doce, entre os
afagos da avó e a pureza
da Virgem Maria cindido,
remete às praias desoladas
no fim das tardes, quando
os coqueiros dançam solitários na areia
vendo o sol flutuar sobre o mar de prata.

Quanta distância nesta voz cândida, Cesária!
Quanto pranto derramado pelo amor derruído!
Quantas noites áridas, entornadas em vinho
e fumaça, embalas! Como tua voz, Cesária,
faz doer ainda mais os corações partidos!

Um comentário: