Quebrando o encanto. Segundo especialistas, a carga tributária aplicada pelos Estados sobre os
combustíveis é praticamente a mesma de anos atrás, quando os preços não eram tão
exorbitantes e a sua definição não obedecia às oscilações do mercado.
Condicionar o valor de qualquer coisa no Brasil ao ânimo dos rentistas é
transferir um fardo indigesto para a população porque, se de um lado o mercado
financeiro parece manipular o desenlace da economia à satisfação dos interesses
de seus associados, qual abutres imponentes que cercam os restos putrefatos de
um vívere abatido em decomposição, por outro, atualmente, somos um país para o
qual quem tem dinheiro só pode olhar de soslaio, com exacerbado desgosto e
ceticismo, uma vez que, carente de projetos que transmitam uma mínima
previsibilidade do futuro, só se investe em algo de que se possa pressupor um
arranjo de situações estáveis ao longo do tempo, o que não é o caso do Brasil de
Bolsonaro.
Outra coisa é que os Estados, como o país, estão quebrados, solapados
economicamente pela pandemia, com a diferença de que não desfrutam das
incontáveis fontes de receita da União, de modo que se reduzirem a carga
tributária estadual dos combustíveis, agradando sobretudo à classe média que se
desloca de carro mesmo nos menores percursos, podem alargar os problemas sociais
que achincalham gravemente à população desde há muito, justamente porque serão
obrigados a reduzir os já quase inexistentes investimentos sociais que as
receitas derivadas dos impostos lhes proporcionam.
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