sábado, 4 de setembro de 2021

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Ventura. Feliz o homem cujo pranto não é cativo dos seus olhos; que, à hora certa, se sensibiliza e, para não afogar-se em ressentimentos e dores vãs, verte algumas lágrimas. É feliz todo aquele que espontaneamente se entregou ao serviço da bondade e, talhando dentro de si um coração misericordioso, regozija-se na ventura do próximo. Felizes são aqueles que, sempre bem dispostos, contagiam-se facilmente pelo riso, encerrando na alegria de viver a fonte de água corrente que adoça os sabores amargos do mundo. É também feliz todo aquele que, tendo se fortalecido em espírito, não sucumbe facilmente às oscilações do ânimo e, quando neste vale sombrio de sentimentos intempestivos decai, aceita a mão que se estende em seu auxílio sem orgulho. Feliz o homem que não semeou inimizades nos caminhos que percorrera e cuja timidez não neutralizara os abraços e carícias que haviam de ser dados. São felizes porquanto eles, e não outros, testificam a plenitude da cruz, loucura eterna para os homens. Por isso, acercados pela matéria, inda padecemos de incompletude e tristeza.

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