quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Do verso contemporâneo

em voga não falar mais sobre olhos em tempos modernos,
estes que cintilam crus as deformidades da alma.
não há mais sinestesia entre o poeta e o seu verbo,
faz-se poesia para se consumir em longa escala.

das inermes formas obliquadas dos poetas concretos,
à inexpressiva mancha borrada nos quadros contemporâneos,
tudo me faz crer que não há mais porque para o verso,
tudo se é feito para nos arrancar prazer momentâneo.

alívio, porém, se tivéssemos chegado ao estado perfeito
- aos tempos nos quais não se houvesse motivos
para não dizermos nada.

um silêncio absoluto nas nossas almas.
- ah, uma cuba de gelo revestindo cada peito.
mas há essa insistência em se querer prolongar a vida à posteridade.

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