sábado, 6 de fevereiro de 2010

Nota premente sobre Ulisses, do Joyce

Inspirado pela arrebatadora vontade de conhecer o Ulisses, do James Joyce, resolvi comprá-lo - sem primeiro consultar referências críticas especializadas - nesta semana, quando fazia, como de costume, as minhas andanças mensais pela Escariz, a fim de poder sempre estar em contato com novos autores, comprando, evidentemente, as suas obras.

Relutando com o preço do livro a conclusão por comprá-lo ou não, as três primeiras páginas da obra, nas quais se percebem um arranjo de sintaxes diferenciado e loquacidade cômica e escancarada numa personagem que se apresenta prévia, o Buck Mulligan, me convenceram a adquirir o volume, pois, mesmo antes de nos aprofundarmos na leitura, percebemos se tratar o Ulisses de uma obra extremamente diferenciada - e isso não só em termos estéticos, mas também em relação a forma pela qual o Joyce incursiona para que, de súbito, compreendamos que há, durante o decorrer de cada cena, um tempo que se passa sem que muitas vezes percebamos, relegando-o ao esquecimento devido ao torvelinho de acontecimentos que entrelaçam cada momento da história.

Além de ser algo extremamente novo ante o apanhado de leituras que já tenho - um número que, apesar de pequeno, pode ser tido como considerável -, compreendo que, não obstando a sua complexidade estética, esta obra se faz uma prova de perspicácia para os espíritos mais diletantes, o que sugere que ela não é para todos, porém para aqueles que realmente demonstram interesse verdadeiro pela literatura, encarando-a como um objeto, que além de garantir o gozo, pode ser utilizado como meio de se repensar as formas de produção artística de um determinado tempo, aviltando questões que se deixaram tamponar pelo fraco poder analítico das ciências, sinestesiando homem e momento, fato que, por si, é de grande importância

É válido dizer que ainda não finalizei a leitura da obra, e tampouco estou perto de tal proeza. Como o Haroldo de Campos nos adverte, pois, na sua nota de orelha na tradução do Houaiss "Os beletristas que não leram o Joyce são como sociólogos e físicos que não conhecem, respectivamente, Marx e Eisten". Portanto, neste ponto é que nascem as conclusões, uma vez que o canone, o Haroldo, a canonizara, não ficando quem leu este texto subordinado às conclusões de um mero licenciando. Sem dúvida, um autor com uma obra ontológica que nos enleva à sublimação e evidencia o desconhecido.  

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