segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Sem Nome 11

dentro das igrejas eu agia sem raciocínio.
me fora cortada a percepção do mundo em carne-viva.
dentro do templo o padre falava sobre borboletas,
mostrando-nos nos jornais da missa como era o paraíso.
cheio de pomares e alegria escarnada.
e não nos disse que o irmão a quem devemos amar
e as crianças que deus chamara até ele
podem ser todas más e também possuem libido,
salivando por toda superfície do sexo oposto
o miasma reprimido de sua cólera,
lembrando os cachorros que se entrecuzam medonhos
para serem lucidados com água fria.
e lá nós abríamos o coração
para enchê-lo de culpa, limpando com as lágrimas
a poeira dos nossos pecados inexistentes,
confessando-nos a um pastor
que conduzia as suas ovelhas puras para o abate,
lugar no qual vicejavam as tripas dolentes,
embebidas em sangue fino, de seres exauridos pelo medo,
e não havia hóstia que pudesse alimentar
o nosso ego vazio,
o que nos aviltava a fome canibal
de comermo-nos uns aos outros.
e nos comíamos.

2 comentários:

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  2. a velha hipocrisia humana que prefere se apoiar em uma mentira com aromas de realidade com flores e borboletas no paraíso, a admitir que existe-se a fé para tamponarmos nossos medo desse deus que ninguém consegue esclarecer.
    O caos do mundo, é o caos da carne e da frustração espiritual do humano que vive a embelezar as mentiras, e quando não embeleza, cospe dizendo negar essa beleza artificial que todos acreditam, mas no fundo não passa de um cuspidor covarde que não suporta a tão realidade dita coerente diante de sua própria insegurança em não conseguir se ver negado. Quem cospe, embeleza-se em sua insegurança; quem acredita nas mentiras, embeleza-se com suas ignorâncias.

    Pra variar, muito bem escrito o texto

    Vina TorTO

    www.movimentotorto.com

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