segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Sem Nome 10

não queremos os homens travestidos escrevendo poesias,
pondo por cima de suas almas as feridas
ensangüentadas de uma dor que nunca sentiram,
falando com a lástima emprestada dos derrotados
sobre a angústia do amor que não perderam.
deixa o verso aos inúteis e ociosos,
àqueles que não recorrem ao sindicato
ou às associações para que
sejam importantes as suas obras,
mensurando a quantidade de gramas
e poeticidade que há nos seus poemas leves
para então exigir desforra por suas covardias
escritas em papel.
odiemos a estes,
representam a burocratização do poema
e podem transformá-lo num salvo-conduto democrático,
sendo direito do povo escrevê-lo e reclamá-lo
como disciplina nas escolas da gente sana,
como grito de marcha nos quartéis dos veleidosos,
enxertando-o na lama das ações que são para todo mundo
(um panfleto comunista que sutilize os hormônios
feéricos dos raivosos homens do proletariado).

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