segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Sem Nome 9

eu nunca tive tempo pra nada
e tudo que me deram foi muito pouco
e a única coisa que me disseram
foi sobre como dominar as vidas dos homens em trapos
por isso praguejei contra a sorte do fulano
e joguei pedras na vidraça da loja elegante
e me pediram caridade ao me verem fazer isso
querendo que eu denegasse a minha natureza
para lhes satisfazer o gosto
mas eu só sabia a intolerancia
eles também me irritaram
e tive de lhes agredir para falar em uníssono
gastei o punho das mãos irreversíveis
pra que pudessem ouvir que eu
não queria ser como eles
mas nós envelhecemos e de repente há uma sorte de gente
lhe convidando para compartilhar
as sombras dos domingos ensebados
onde grupos de macacos disputam um lugar confortável na grama
para dar bananas a mais macacos
e por isso preferi não sair do catre para à covardia
permaneci incólume enquanto todos fraquejavam
perante o obtuso destino que eu desde sempre soubera
porém não restaram forças para lhes ser mais brusco
faltou vitalidade nos meus braços corrompidos pelo cancer
e eles morreram que nem eu
e fomos todos nada
eu menos burro

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