terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Sem Nome 12

ela celebrava frígida
a brancura de sua cara espinhada,
havia nas suas mãos a coisa leve
das pequenas penas que flutuam
sobre as praças do domingo.
eu a olhava absorto como as rijas
correntes de uma máquina industrial,
tentando verter as suas vestes claras
em lençóis sujos de sangue.
o sol era emanado quente e complexo
sobre os seus finos traços de cabelo,
o tecido da blusa - friccionado
contra a barriga pelo vento - desembainava
as pontas afiadas dos seios túmidos.
a escuma dos hormônios vacilava
pelos cantos curvos dos meus lábios já mordidos
e a tristeza era um colosso
quando a via indo embora.

Um comentário:

  1. A leveza gostosa de sentir esse conflito vem embalada pela densidade dos versos narrados: e que loucura esa de imaginar essa penetração desenhada pelo vento em seios e desejos e solidão e observação do outro.

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