sábado, 6 de fevereiro de 2010

Era uma casa...

as entranhas da casa, dentre as quais, nas menores, habitavam ratos. uma fachada pintada em branco, com pequenos jardins coloridos dispostos a cada um dos lados da porta de entrada. janelas modernas, revestidas em creme, dando para a rua. e, no fundo, através de duas delas, se via o quintal, lugar no qual o pequeno cachorro tinha a sua morada: uma caseta sem reboco, com portinhola e buracos de ventilação. dois quartos médios, reconfortantes aos corpos pequenos das crianças que um dia cresceriam, esmorecendo as dimensões que agora não os importunava. uma suite e o seu carpete barroco um tanto usado, contrastando em cores que se equiparavam com a madeira da cama: tabaco como um corpo que não quisesse mais vida, e era aí onde os adultos tinham as suas relações soturnas, trazendo à vida pequenos humanos forjados sob o calor da luxúria conjugal. os condimentos espalhavam os seus cheiros temperados por todo derredor da casa, a cozinha era grande e oferecia vista de onde se pudesse estar, sendo difícil para as crianças os furtivos assaltos à geladeira. o quarto de empregado era minúsculo, porém arranjado com cores e azulejos precisos, não passando por mal recebido quem na casa trabalhasse. um banheiro luminoso cegueirava, demonstrando a preocupação que se tinha com tal cômodo, os olhos, já que os pisos, no chão e nas paredes, eram todos brancos, bem como os outros componentes, o vaso e a pia. Ela estava à venda.

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