quarta-feira, 14 de abril de 2010

Poema Marítimo

paisagens marítimas erguem-se perante
o sono da vida. eis aqui eu,o sem talento para nada,
a divagar sobre os lemes e as redes de pesca
dos sonhos.mar turbulento esse do meu desejar.
nadar a fundo até a superfície densa da minha quimera.
catar,já manhã cedo,o peixe sadio das águas oceânicas.
descansar à rede da minha vontade de pesca
a dor que é ter de acordar pensando em futuro.
ser eu,João Paulo dos Santos,poeta e atecnicista,
o homem prostrado ao chão do barco
a tratar o peixe-práxis do sono marítimo profundo.
mergulhar nos marulhos das minhas filosofias intimistas,
desfraldando a bandeira das causas,revoluções e filantrospismos
e saber que tenho de me recompor de toda
esta guerra-sangrenta-da-vida logo depois.
eis agora deflagrado diante de toda a iniqüidade,
aspirando profundamente o olor dos mariscos que apodrecem
na praia.jogar redes e não acordar deste sono
marítimo.estar na vida não como quem vive e tem sonhos,
mas como quem pesca e mergulha às partes mais fundas
submergidas pelo esquecimento da solidão.
com a pele tostada do sol matinal
que nos garante a vida em mares sonolentos de tédio.acordado para tudo
que signifique pesca e subsistência.viver a dar remadas.
ligar o motor dos olhos e me permitir sem medo
algum pranto.atracar e jogar as ancoras ao mar,
descer do barco pela escadaria dos sonhos,
pisando firme na ilha perdida de mim mesmo,
para amanhã partir ao devaneio marítimo
mais um vez,
tornando a sonhar estrelas prostrado ao piso da embarcação
até que os olhos se cansem
e me distraiam.

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