sábado, 29 de maio de 2010

Memória

queria as tardes de 98 de volta,
onde brincava com o carrinho de rodas de pau comprado na feira,
expelindo o suor impregnado na camisa de uma manhã inteira de escola,
debruçando-me sobre o chão sujo no qual Ralf coçava os seus carrapatos,
os amigos que ainda moram na rua e dantes falavam e se danavam comigo,
as risadas sinceras da professora de terceira série que todos os dias reclamava
do meu comportamento e me aplicava a tabuada,
as vezes que chorei com medo da minha mãe por não ter alcançado boa média,
a televisão Sharp, de 14 polegadas, financiada no cartão de madrinha,
as telhas eternite encimadas sobre a casa onde morei por tantos anos...

são tantas coisas e a memória só me permite isso,
uma pequena figura de um alegria infinita sorvida e deslocada pelo tempo.
em que espaço se situa o que passou?

Nenhum comentário:

Postar um comentário