quarta-feira, 9 de junho de 2010

Aporia

há mais de dois mil anos Virgílio andava sobre a relva,
e já naquele tempo o certo era conjurado com o sangue a escorrer pela espada;
as chamas em eflúvio invadiam as pequenas casas da gente pobre
e traziam abaixo a alvenaria suada com qual eram todas construídas;
nessa época também os grandes imperadores,
sobre os quais se via a aura florescente da engenharia e da potência,
transpunham por entre os cabelos a verdura dos louros que ornavam os magnânimos
e gozavam da extrema inteligência que lhes concediam os filósofos.

o tempo passou e o que era baixo, contrariando o fluxo em virtude do qual
nós nascemos e morremos, não se travestiu também em cinzas.
vieram Napoleão, Frederico, Hitler, Mussolini e muitos outros,
e todos, mudando-se apenas o tom das fardas, com a mesma sabedoria.

isso posto, é previsível responder aonde poderá nos levar o confeite das idéias.
quem sabe até talvez tudo piore, já que os Virgílios, os Hugos e os Pessoas,
não obstante ser a guerra o fio condutor da vida,
resolveram cerrar os lábios que balbuciavam novos poemas.    

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