sábado, 3 de julho de 2010

Quanto vale a inteligência?

quanto vale a inteligência? é a pergunta que me faço ao caminhar por qualquer rua. eles correm muito, suam e quase não olham para os lados. os lados que é tudo e formam imensos corredores de cartazes anunciando a liquidação de fim de ano. as datas, os números, que foram feitos para isso, cumprem com precisão os seus papéis. e só há neles sentimentos quando tiram a carteira do bolso, mostrando aos desavisados suas notinhas variadas, como  velhos profetas que julgam antever o futuro. e me pergunto de novo: quanto vale a inteligência? cada homem, cada mulher, cujo destino premeditável lhes dera  uma casa própria e um carro novo, se reportam para os seus redutos da higiene social e esquecem das escolas públicas, dos hospitais públicos, e das calçadas públicas onde os maus eleitores têm a sua moradia. a política não cumpre com a sua função, e nós, sempre moralistas e corretos, também não cumprimos com a nossa. vivemos soberbos de nós mesmos, ruminando filosofias idiotas para elencarmos, por via da razão, um saco a que possamos malhar, o principal culpado, porque nós não somos bons uns para os outros, e gostamos mesmo é do sangue e da barbárie. e eu poderia me perguntar de novo "quanto vale a inteligência?", mas as evidências são tão límpidas e eu tenho a certeza de que não sou tão burro. das nossas universidades, como a fornalha da senhora que prepara bons biscoitos, os Bill Gates saem em filas e, através da negra esteira larga, são levados ao mercado, desejosos pela mesma fortuna, com as mesmas pretensões comerciais, ávidos pelo primeiro milhão. então torna-se difícil estipularmos um valor para a inteligência; sovados durante 20 anos pelo giz e a regularidade da vida estudantil, o que aprendemos e desejamos é muito pouco; por isso, por assim dizer, a inteligência não vale nada. 

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