sexta-feira, 17 de setembro de 2010

O melhor dia

Entre as trincheiras do dia, sob a fumaça cansada e branca que sobe aos céus quando as rodas queimam no asfalto, eis que me ponho à prova, tão corajoso, desfraldando a carne morena do peito como se não mais existisse o medo da morte e isso fosse bonito. A vacuidade da vida impregnada em cada rosto de pessoa que sobe no ônibus, esse tipo de gente que, mesmo sem ter folheado nunca Nietzsche, vive para além do bem e do mal, soberbo de sorrisos e trejeitos genéricos usados à revelia daqueles que são eremitas pra dentro - à cara lívida dos quais se devendo o existir da tristeza, que é um oceano e mais nobre que qualquer sensação, que arrefece e acalma mais que qualquer outro sentimento. Hoje, então, o melhor dia da vida - quando não fui feliz e não me senti resignado por isso, no qual estive em sonhos quando olhava carros, postes e grandes luzes amarelas iluminando à felicidade dos humanos que gastavam tempo na praça - todos super-homens que não davam por minha existência.

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