terça-feira, 28 de setembro de 2010

Vítima

Do amor só restam lágrimas. Com que virulência, quando deitado, as palavras trespassam a cabeça. Os sentimentos são feitos de pedra e ainda assim lhes damos sangue por pensarmos sê-los orgânicos. Dizer amar é um idílio - mera aglomeração de verbetes que parecem fomentar uma grande frase. É necessário um sentimento que atenda às demandas da carne e que chore quando marejarmos lágrimas, e que também padeça quando estivermos de joelhos. Com o cansaço de quem tivesse perdido ou como um mendigo que aspirasse, nos seus sonhos, o mundo todo, deito-me sobre a cama vã do transcender humano: uma vítima.

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