sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Labor

São crianças, trabalhadores e encerra-se a vida. Artilharia de rostos enferrujados e decrépitos armada; resplandecendo, metálica e transpirante, o sol que lhe reprime. Mas a vida é boa e deus é grande. Sorrisos achatados, dados à força da venda - muito suor para pouca felicidade. Quem mais negocia, estufa com soberbas esperanças o bolso sem fundo, sempre à espera dum novo bocado. Mesmo que ninguém os veja, que de homem só lhes reste o pó, a dignidade do trabalho estará tinindo - o grande refute à morosidade. E não lembram do sono cessado mais cedo, do ônibus pego à revelia da coragem, pois, no que é ganho, estão contabilizadas as cansativas etapas do trabalho, o remédio do filho que caiu doente, o reboco para refazer as paredes da casa inundada e a noite de insônia em virtude dos sonhos conjugais que se despertam.

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