sábado, 9 de outubro de 2010

Excerto sobre a impossibilidade

Dentro de um regime democrático à brasileira, a paciência sucumbe querendo atravessar os seus limites. Os jogos de poder, deliberadamente chulos e sem graça, tomam a frente do espetáculo eleitoreiro, e o discurso das siglas em disputa se flexiona de modo que estejam protegidos os interesses – como é normal, o povo que se dane. As linhas que circunscreviam os projetos de sociedade dum determinado partido político, desenhadas a partir de uma tal fidelidade ideológica, têm os seus contornos, antes cunhados com força, transgredidos, e os fins, retomando Maquiavel, passam a justificar os meios – e já não há diferença entre Renascimento e século vinte e um: o comportamento, revestido por outros panos, permanece estático. O velório da seriedade - o império da política como uma variante da pornografia.

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