domingo, 28 de novembro de 2010

Final

encarando o absurdo da existência aquiescido pelo místico poder de uma vodka barata - sou eu o que volta pra casa cabisbaixo e sozinho - cambalendo passos bêbados e delirando pensamentos - enquanto os feirantes me cruzam com sacolas repletas para a dispersão do domingo.
as garrafas ficaram vazias na praia - os remanescentes drogados catavam os restos - gritamos a música suja através das janelas do carro, quando o vento da praia amanhecida socava os nossos rostos - e o gemido era louco por nos sabermos lixo entre a modéstia do vazio.
oh, tão cedo e avenida burguesa ainda dormia - só o meu pobre colega tentando enxugar suas economias num cash eletrônico - ele queria dinheiro para a comida calórica dos trailers engordurados - mas, no final, acabamos numa conveniência de posto de gasolina, comendo saborosas esfirras de frango e calabresa, e falando sobre o que pensam de nós aqueles que nos trouxeram a este trágico mundo.

Um comentário:

  1. O que notei neste texto foi um recorte micro do nosso cotidiano. Porém, dentro dele, o que suguei foram inumeraveis caminhos para reflexões. Em seu texto, o que podemos notar são questões referentes ao vazio das cidades, ao anonimato colorido de uma multidão desconhecida e carente por novos sucessos, e no FINAL, usando em caixa alta o titulo de seu texto, uma simples conclusão que não se limita a uma conclusão completa de nada. Simplesmente depois de uma frustração mascarada de alegrias, há um término inconcluso acerca de um assunto que se torna apenas mais um diante de tantos outros que poderiam aparecer... São apenas excessos de signos amenizando a inevitabilidade amarga da vida. São apenas micros´cópicos problemas diante de uma imensidão de outros inacabáveis.

    www.movimentotorto.com

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