quarta-feira, 17 de novembro de 2010

O último

Você não pode saber o quanto chorei nas madrugadas geladas - com o estômago embrulhado - sem vontade de dormir e comer. E quando chorava pensei nas luzes pontilhando as ruas dos pedestres nauseabundos - que voltavam do trabalho com as sacolas de compra penduradas em cada uma das mãos - e o rosto esmilinguido depois das oito horas nas lojas e nas indústrias. O coração pululando como uma vítima do câncer que tivesse vontade de vida mas não pudesse mais ser feito nada pelo corpo médico - pois o tumor era grande e terminal. E Quem, quando chegasse em casa, choraria como eu, derramando prantos em exagero por ter cometido o crime de amar demais - por ter incorrido no erro de desejar mais uma vez - por ter ressecado a garganta com soluços largos enquanto escrevia um poema na folha sobre a qual foram esmagadas as últimas flores? Ninguém! Ninguém! Ninguém! Absolutamente ninguém!... Eu sou o único a sofrer por amor no mundo.

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