domingo, 19 de dezembro de 2010

É isto um homem?: sobre as pessoas que estão comendo biscoitos de terra no Haiti

Depois de ter sobrevivido aos campos de extermínio, Primo Levi, famoso escritor italiano, escreveu diversos livros que propunham a reflexão sobre as barbaridades fomentadas pelo regime nazi-fascista alemão. Num dos seus mais brilhantes ensaios, É isto um homem?, ele discorre, em pormenores, sobre as tragédias infindas desse momento baixo na história da humanidade. Um dos pontos salientes de sua obra é o fato de que, além de se atentar às misérias as quais os corpos dos prisioneiros eram submetidos, uma vez que trabalhavam durante horas e por vezes eram flagelados pelos cruéis soldados das tropas alemãs, ele também não se esquece de suscitar reflexões sobre os dramas de cunho espiritual por que os prisioneiros passavam. A ausência de comida, a necessidade de reconforto psíquico, fazia com que cada um apostasse na contínua humilhação para ter o seu momento de trégua, a sua pequena redenção. Sem dúvida alguma este livro, muito embora não traga as exigências ineditistas demandadas pela arte, traça o sombrio panorama do que foi o holocausto nos campos de concentração, mostrando ao leitor quão pequenos são os seus problemas frente à maldade que o homem pode promover.

Descartando qualquer anacronismo que possa ser visto na minha intervenção, e objetivando mostrar como o corpo ainda se faz resistente à escassez dos meios elementares à sua sobrevivência, é válido trazer aos colegas a notícia que li hoje no site da UOL, sobretudo em tempos de defesa ferrenha à ditadura mordaz do capital e de apologética a discursos de caráter fascista.

http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/internacional/2010/12/19/biscoitos-de-terra-iguaria-faz-sucesso-ate-entre-quem-nao-passa-fome-no-haiti.jhtm

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