quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

A felicidade não se compra

Simplório homem nascido numa cidade pequena. Quando mais novo, pulou no lago gelado para salvar o irmão peralta. Livrou do envenenamento àquele que, prematuro, deixaria a vida - ganhou, por isso, um abraço entre lágrimas emocionadas. Bom filho, não aceitou que chamassem o pai de derrotado. Foi irascível para com estes. Casou-se com a dama bela que havia acabado os estudos. Com ela, passado o tempo, tivera bonitos filhos. Diversas vezes salvara do malogro os negócios que arrendara do pai. Mostrou-se insistente até o último minuto. Porém, quando o acometera uma mais feroz tempestade financeira, foi à ponte da qual pularia pondo fim à vida. Caíra, primeiro, o seu anjo da guarda - vinha do céu. Sem sabê-lo, pulou na água e, em poucos instantes, já se enxugavam na pequena cabana. Fez troça do pretenso suicida. Com despeito à seriedade do ser extraterreno, disse-lhe que preferia não ter nascido. Este último, como querendo lhe mostrar o que seria da vida de muitos em caso de sua ausência, fez do mundo um lugar onde ele não existia. E lá se ia o reconhecimento dos amigos, uma criança envenenada e o irmão afogado num lago de baixa temperatura. Não suportara quão horrendo seria o mundo sem ele, tanto que pediu ao anjo da guarda que lhe levasse de novo à sua vida. Feliz por saber-se nela, a todos os passantes desejou feliz natal. Extasiado em alegria, furtou-se para sua casa a fim de abraçar mulher e filhos. Os cobradores, como sempre insistentes, lá ainda estavam. Com torpor também se direcionou a estes. No final, através da ajuda de conhecidos, safou os negócios, que eram antigos, da derrocada. E a mensagem, para os desentendidos, é só uma e muito clara: a felicidade não se compra.

Um comentário:

  1. Muito tristemente, esta é a filosofia de grande parte da sociedade cotidiana, embora nem a mesma saiba.

    Felizes são aqueles que se contentam - e contemplam - na simplicidade.

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