quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Intróito ao século 21

São dois os tipos de pessoas com que não me entendo: as muito comedidas e as que falam com demasiada paixão sobre aquilo que não entendem. As primeiras, por lhes faltar o excesso e a imprecisão de quem busca; as segundas, por quererem angariar o mundo com o descarado auxílio de variados falsetes. E, se observamos, estas últimas têm se sobreposto às primeiras, haja vista que as bocas têm se fechado e se omitido em buscar a verdade, engolindo, com o cinismo de quem finge nada saber, uma sucessão de mentiras, por exigência de leviana e estúpida preguiça; do contrário, se nada disso fosse verossímil, não estaríamos a viver tão insalubre vida, e não seria necessário que intercedêssemos aos tempos por vir uma pequena trégua para que seja ouvida a razão. Do século vinte e um, revendo essa primeira década que lhe serve de intróito, estou seguro de que não posso esperar nada. A barbárie fugiu dos campos de concentração e se instalou no dia-a-dia, e eu, que nasci em noventa do século passado, só tenho a certeza de mais trinta ou quarenta anos de vegetação; e adiante, somente terra e nada a me roerem os ossos que agora são firmes. Eis a porra da Revolução! Eis todo o caralho de Revolução! Trabalha-se, ainda, por horas e os fins de tão simplória existência continua a ser o mesmo: o ordinário acúmulo de quantias. O ser humano e sua burrice fedem. Basta nisso pensar, que tenho vontade de desovar o meu corpo, até que se liberte a minha a alma e a podre pele humana que me cobre caia por chão, sendo infestada por baratas e vermes. Não há lucro obtido nem êxito. A política é a voz em surdina da pretensão. A religião, vaidade terráquea. O diabo tem imperado sobre os dias e não há o que possa ser feito: é esperar ser varrido de uma vez...

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