segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Sonho (05/12/10 e 06/12/10)

Quando não sonho com sexo, orgias colossais e congêneres, sonho com fatos que poderiam muito bem se encaixar à realidade da qual sou vítima. Esta noite, como não tive o prazer de gozar oniricamente, eis que a segunda possibilidade me apareceu, e num momento muito apropriado. Num momento onde a certeza de que só devo servir a arte, sendo o seu escravo inintermitente, começa a ganhar espaços indubitáveis dentro de mim. Depois de um final de semana de muita esbórnia financiada pelo meu padrinho, onde jogamos muita cerveja no clima tedioso do pequeno povoado da cidade de Carmópolis, Aguada, por não ter conseguido dormir na noite de sábado em virtude dos infinitos mosquitos que me penicaram à pele, quando cheguei em casa, no domingo, estava extremamente cansado. Pensamento contínuo, tomei banho, olhei os e-mails que havia recebido e, vencido fisicamente, fui me deitar ao som absurdo da banda de depressive black metal Burzum. Não posso descrever os pormenores do meu sonho, pois isso é simplesmente impossível, haja vista que quando dormimos entra em cena a não-consciência do ser sobre si mesmo, e os sonhos, ao contrário de todo esse lapso obscuro nos nossos sentidos, no outro dia, quando acordamos, surgem como feixes de luz entre aquilo de que não lembramos. E quando despertei, hoje, estive submetido ao processo descrito: remontei o sonho que tive na noite passada. Interessante, assim dizendo. Do espaço, não lembro com perfeição sob quais circunstância cheguei até ele, mas era na varanda da casa da minha madrinha. Das personagens, ponto do qual trato com convicção, havia eu, os três filhos dos meus padrinhos e um de seus netos - o mais próximo e mimado deles. A narrativa, sendo fiel ao que me vem à lembrança, começa com uma intervenção minha em relação à educação que estava sendo dada ao menino. Peguei a criança no colo, e com dois jargões que constam sempre no vocabulário que uso, disse-lhe "Repita, Gustavo: Eu estou velando a razão. É preciso humilhar o intelecto." Ele, aprendiz profícuo, conseguiu repetir as orações com a dificuldade da criança que ainda está desenvolvendo a faculdade da comunicação. Todos, após a repetição, começaram a rir. Então, demasiadamente feliz com aquele intróito de educação, disse à tia dele, Gisélia, que, assim como eu, também é da área de letras: "Tá vendo como é que se faz?" Ela, o que achei impressionante, respondeu-me: "Se alguém tivesse me ensinado isso, já teria passado para o meu sobrinho". À resposta dada por ela só pude argumentar com silêncio. Mas, ainda animado com a execução perfeita do menino, disse ao pai: "Tá vendo, caralho, fica educando o menino com Xuxa só para baixinhos, Angélica e essas merdas... É preciso educá-lo para as coisas tal como são, estúpidas; é preciso humilhar o intelecto dele." E Júnior, em resposta às minhas colocações, chamou-me de doido. Logo após, Thiago, o filho mais novo dos meus padrinhos, fez uma explanação que lhe achei muito própria: "Chame ele pra correr no campo da praça também." Como, em meio àqueles três, pude descartar que um deles deixaria de fazer comentário semelhante? Lembro que ri disso e, atônito, lhe falei: "É preciso humilhar o intelecto, meu jovem!"

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