sábado, 29 de janeiro de 2011

De volta a Deus

No céu de um azul infinito, trespassam, algodoadas e lívidas, nuvens que fogem. De um lado a outro, com exceção do espaço central dessa imensidão que por si é tão pura, elas se aglomeram e mantêm, numa soberania indizível, o movimento celeste. Libero da boca a fumaça que sorvi do cachimbo, e miro com olhos atentos esta alegria que talvez só eu a perceba, verdejando para o mundo as folhas que sobre mim eram todas murchas. Noutro dia, quando a alma estava repleta de sentimentos sombrios, quando chamavam por mim as vozes doces da esperança e fingia não as ouvir, tão igual seria este céu que agora se despe feliz por eu estar contemplando-o embasbacado, porque meu coração foi pouco expressivo às sensações mais pacíficas e alentadoras. Por quanto tempo olvidei à beleza infinita dos astros e da natureza, por quanto tempo fui eu acima do céu e da mística absoluta das nuvens dispersas. Liberto, porém, das grades dessa atroz reclusão sobrehumana, do solipsismo sem motivos de um leitor revoltado, a sede que tenho, agora, é de amor e de vida. Em Cristo sou um exército que se conduz a mais uma vitória.

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