terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Pelo fim do curso de letras da UFS

A cada dia, por horas, uma tortura: assistir às aulas do curso de letras da UFS. Mesmo sabendo que, ora a passos curtos, ora a passos longos, a sociedade caminha, e as idéias e tudo que as envolve também, sinto falta de um tempo longínquo, impossível de saber se verossímil a como o rabisco por intermédio do pensamento. Caídas as grades que circunscreveram épocas, tolhendo da liberdade de agir como pede a vontade as pessoas, naufragou em mares de esquecimento também o que havia de proveitoso em meio a todo esse sobrolho histórico esparramado sobre o caminho intransponível do passado: a seriedade. Irrita-me, no tocante aos estudos, sobretudo os defensores, por si mesmos morosos, do que se diz esforçado e é reconhecido enquanto tal. Vejo-os, em cada disciplina nova, refletidos nos meus professores: adultos de cérebro adestrado que cavam, em tudo, uma profundidade temática jocosa - a crítica ao contexto social, que não quer mais um dia, estagnada no fim do século 19; a personagem muito sensível que, sendo obra de autora tão delicada quanto, recebe a alcunha de complexa e nada mais que isso: livros, às vezes grandiosos, encerrados após os paradigmas torpes de um comentador qualquer e igualmente esforçado: um verso que, apesar de muito repetido, definha em razão da fome. E são horas de tolerância, permeadas pela graça e falta de neurônios de uma platéia iletrada, conduzidas pela voz, evidentemente doce, de um ser que gastou quatro ou cinco anos de suas vida dentro da universidade para tornar mais complexa sua falta de sapiência. Depois que fui liberado mais cedo ontem, devido ao capricho subjetivo da professora que queria assistir ao último capítulo da novela, não me intimida a certeza de que o fundo do poço acadêmico é sempre mais embaixo. Não bastasse a folia traquilamente despótica que exerce poder sem igual em cada turma, o sofrimento da vida pragmática, pelo menos em relação a mim, recai mais pesado sobre os ombros: antes ir à universidade como o departamento de letras.

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