quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Apocalipse

A distribuição de renda e a partilha de bens não são suficientes para remodelar a subjetividade humana, a não ser por eugenia. De sorte que essa reflexão, exposta como atributo genérico, tende a fortalecer os valores presentes, não é muito plausível sair por aí defendendo-a, pois é assim que se sedimenta um projeto político baseado no pão e circo, na alienação. Uma alternativa de resistência seria a educação, mas tendo em vista a precarização do nosso sistema de ensino, a pouca eficiência da família contemporânea, a cessão do temor a Deus e que as bases para mais 200 anos de sociedade já estão dadas, considero invalidada também essa possibilidade. Noutras palavras, não vejo saída para o nosso projeto de humanidade harmônica. Tirando a argamassa e os demais tipos de avanço, é similar o nosso tempo aos mais longínquos. De resto, como a sociedade sempre se reinventa, é esperar pelo que sairá dessas mentes torpes... desse progresso racional... Eu, sendo sincero, não espero nada. Resta-me, perante o apocalipse cada vez mais próximo, reconfortar-me na oração, esgotando as últimas horas da experiência humana, tal como Bernardo Soares, numa vida por dentro e impossível a todos os pensamentos. Só Deus para nos salvar. Tenho fé para não ter tédio.

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