quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Plano de vida

Como meta de vida tenho o funcionarismo público: ganha-se bem e é garantida a estabilidade. Sucedem-se, um após o outro, os dias, e não há nenhum deles em que eu não faça arder os olhos por tanto ler e revisar os rebuscados manuais da ciência jurídica. Com três mil reais vive-se bem: dá pra bancar a cerveja e o cigarro. Como condição temporária, que seja qual for a carreira - importante poder arcar com o preço dos livros para o projeto de mestrado. Redobrarei o mal-estar suscitado nas aulas levando com a barriga todas as disciplinas - deveriam ter me esclarecido de que não seria fácil. Até a teoria literária, à tese definitiva, os espinhos em que pisamos parecem infinitos - são incontáveis. À parte isso, como os meus recursos são escassos, à convite e às custas dos amigos eu bebo até as horas mais densas da madrugada. Aos domingos bato bola e vejo o Flamengo derrotar o adversário. De lado as circunstâncias presentes, logro é findar a vida sendo bem pago - o resto é filosofia e idealismo parco. Tragam-me vinho à sede diuturna pois já não há metafísica - realidade é confeitaria e chocolates.

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