terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Em mim a igreja é um exército

Envolvam-me sobre a alma ferros, e não me perguntem por que creio em Deus. Fé é uma palavra que colocaram-me na boca, e, em caso de sua ausência entre os vocábulos constantes no dicionário, contemplar traria-me ainda tanto vazio. Adverte Jesus que a vida, se a passamos descrentes que de si tudo deriva, torna-se insuportável, pesada demais. Subscrevo esta verdade, admitindo, como preceito inalienável e superior à ciência que os homens me ensinaram, que agrada-me a igreja, o corpo de Cristo apregoado à cruz, Maria vertida em vestes brancas e azuladas, e alimentar-me de santíssima hóstia. Acordar tornou-se menos difuso - quantas manhãs não me fez vomitar as futilidades profissionais ditadas por minha mãe? O asco de outrora, a náusea advinda dos ouvidos que auscultam, cessaram-se, pois elevei, a altares impossíveis, cada termo bíblico, e passei a ser amado porque hoje sou em deus. Agora professo aos leigos a cristandade, combatendo as vicissitudes morais do homem do meu tempo baseando-me nos dogmas da igreja apostólica romana. Joguem-me contra a fé uma rocha e ela será repartida em três mil partes. Ao lixo todos os filósofos de concupiscência enjaulada e mente débil, todos os seres bárbaros que trazem à tona variada sorte de maldades. As palavras do papa são a minha ética; por dentro das minhas veias, calorosa e absoluta, corre a igreja e todos os seus santos e milagres.

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