quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Por que sou cristão

Não estou disposto a cultivá-los. Os valores todos me parecem pouco inteligentes. Dizem mal daqueles que acreditam, e embriagam-se, com afã, de sub-realidades. Atribuir juízos decorre da má disposição dos sentidos, e quem  a tudo muito julga, quero acreditar, falta-lhe ao corpo o que chamam alma. Estou ciente de ciências e poesias; tenho gravado à memória um poema de juventude; nele o trovador festeja os olhos negros da musa onipotente, alegando que quem os fizera, à sua maneira tão perfeitos e distintos, fora Deus. Poderíamos dizer da coxa, sendo deficiente, mulher bela e também filha de Cristo. Porém fazem da Palavra a verdade na qual tresmalham olhos de poucos livros, sem que o vigor do discernimento sadio possa emergir a profundidade passível de ser encontrada. De que deriva, perante o outro, sermos etéreos ou bichinhos-feios, mesmo que se defenda - apólogos convictos da saúde intelectual - a inexistente idéia de similaridade das inteligências e a paridade corporal despertada pelo amor apunhalado. Desse modo, ser em Cristo representa-me, além de manifestação espiritual, singular gesto ideológico, ao passo que valho-me do direito à liberdade religiosa para afirmar que também eu creio num "cavalinho azul". No mais, reconforta-me à consciência a rebeldia de defender o que suscita apenas risos - Dostoiévski seria insuficiente se se findasse em vida.

Um comentário:

  1. texto muito doido!!! só entendi a última frase, mas como eu ADOROOOO esse russo, só ela me basta :P

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