segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Sobre o que escrevo

Defino, pois, a minha poesia: escusando-me a ação razões para a execução das minhas vontades, sobrou-me, como tema primeiro para os versos que empunho, a imobilidade meditada. Dessa forma, a minha poesia é uma fenomenologia de mim dentro do meu quarto. Se falo, pois, sobre o sol, não dou a ele pseudo-colorações, ou adornos demais - transcrevo-o tal como o vejo através da janela do cômodo onde durmo e vivo os dias da minha juventude pensada. Igualmente, se discorro sobre as gentes, digo de como as vejo nas histórias dos livros que leio, afirmando-as por encomenda e sob a medida de algum filósofo eunuco. Ir lá fora, além da crisálida, não me traria mais vida que a que tenho estando trancado. Para ser borboleta é preciso ser antes inseto.

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