segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Delírio de madrugada

Deliro que tenho 72 anos e não posso levantar as pernas; fincado numa cadeira acolchoada, recordo-me de que na juventude tive uma amante de face muito simpática, a qual esperava-me à portinhola da varanda de sua casa de abraços abertos, festejando, qual uma criança alegre, a minha tão esperada chegada. Tiro da estante o livro predileto e leio nele as canções harmônicas dos meus vinte anos. Apressada e absoluta, a vida altiva que estimei e consumi como um mendigo que tivesse fome, veio a estagnar, conduzido-se pelas trilhas do destino ou do acaso, neste ponto insólito. Sou um velho de 72 anos caminhando pelos bosques do passado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário