sexta-feira, 15 de abril de 2011

O complexo de Dom Quixote

Em face das contingências, apresenta-se, como escopo, a verdade – síntese de um tempo justaposto a outro. Há quem desmereça, frente o espetáculo, a importância do pão, nutrindo mais sua alma de quadros e de poemas que lançando mão de esforços para erradicar a fome e a miséria. A filosofia, a exemplo da boa vontade, é bem pouco concreta, e a história, vista em recorte, torna-se, com todos os seus Césares, instransponível. Insatisfeito com a monotonia de sua verdade para si, o homem converte suas constatações iluminadas em crença, advogando, sem nunca medir esforços para alcançar os almejados fins, pela subida ao trono do esclarecimento dos adeptos do niilismo. Obsessos em seu cansaço, regurgitando a insatisfação de uma tal dor geral e infinita, os cabisbaixos contemporâneos são puro solipsismo e a sociedade, sob suspeita contínua de uma irrefutável cosmovisão, é senão aquilo que se encontra abaixo de narizes oniscientes cuja intuitição é inconteste. As particularidades são generalizadas, atribui-se ao homem uma essência primária e assim, nas trincheiras das batalhas contemporâneas, vemos tiros contra moinhos de vento enquanto os verdadeiros dragões cingem entre os dentes o reino decadente a ser salvo.

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