quarta-feira, 29 de junho de 2011

Eu, um deus

Dono de uma razão poética, expressada como forma atavés do aforismo, do qual pude perceber a precisão e a beleza lendo Nietzsche, inscrevo-me eu mesmo no livro onde se vêem os nomes de todos os homens raros, aos quais o mais denso lodo não amputa às energias que possuem a necessidade violenta da confusão. Não omito o meu trajeto; como os caranguejos, vario do buraco à lama; sinto, entretanto, que há em mim a potencialidade pela qual um dia fora chamado de sensível Fernando Pessoa. Se me coube a tarefa de ser grande entre pequenos, de aturar com paciência as tertúlias inconsistentes, a mim não podem ser atribuídas as causas desse infortúnio de matriz fantasmagórica. Quiça, não obstante, sequer me junte ao panteão de pósteros que os discípulos admiram, sem se incumbirem eles mesmos de desejar a mesma posição nas colunas da eternidade. Porventura, ainda que não tenham lido sobre mim sequer uma palavra, nem venham a conhecer o mister de eu próprio ter conseguido direcionar um sentido autêntico para os dias em que vivi, poderei ter negado o direito de olhar-me os feitos com fisionomia de admiração?... - É importante ser um deus para si mesmo.

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