terça-feira, 28 de junho de 2011

Pessimismo

Os leitosos raios do sol matinal se estendem ao meu rosto exangue, ainda coberto pelo grosso algodão do cobertor febril em virtude do clima enregelado das primeiras horas do dia, vencendo as ripas diminutas da janela desgastada, pelas pequenas brechas da qual, com dificuldade moderada, adentra o ar que oxigena o franciscano quarto no qual durmo faz alguns anos. Estiro-me e retorço bruscamente o meu corpo para todos os lados, bocejando as reminiscências de sono que me atraem para os lençóis ainda quentes da cama. Então contemplo, motivado por uma dispersão instante, as fissuras abertas por não sei quem no piso branco da região onde está fincada a modesta estante dos livros vários, e, depois de retornar à minha cabeça desatenta a lucidez esvaída involuntariamente, o nauseante presente chega até mim com suas ásperas certezas absolutas, obrigando-me a calar na alma as procelas indigestas de ontem: "estou cheio de mim, apesar de entronado no reino de uma autossuficiência distante; o que se considera fútil entre os comuns não me parece tão agressivo, mas causa-me agonia a distinção que não pode ser feita entre a vida e a morte...". - Isso tudo para dizer que o valor da labuta, do amor e do esforço, enfim, dos elementos que ornamentam os dias, permanece uma incógnita.

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