- Se eu fosse livre, se a liberdade existisse, não estaria a essa hora, depois de ter ingerido o café da manhã, perguntando-me se deveria ir para o trabalho ou não. Se a liberdade existisse, a razão sucumbiria ao cárcere, cativa dos instintos, havendo a realização plena da vontade em detrimento do medo cartesiano que lhe refreia os impulsos incendiários de promover a revolução pessoal do indivíduo. Por fim, se a liberdade existisse, ter estômago não seria elementar à vida - seríamos autótrofos.
- Não se trata de fazer tudo o que se quer a qualquer hora. O que quero dizer é: a civilização, que sempre opôs a razão aos instintos, configurou a sociedade de modo a tolher sempre os impulsos dos últimos, cujos apelos são tão naturais quanto o nosso senso racional de distinção. Isto é, nos dias em que a dor de ser se manifesta plenamente, o corpo quer apenas o descanso, a modorra e a sombra fria de um quarto escuro e fechado. Mas o trabalho, a necessidade de prestar contas, não lhe permitem tal expediente.
quarta-feira, 7 de setembro de 2011
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário