quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Amor

Reconheceu na porcelana utilizada como artifício pelo inventor de sonhos a cor que matizaria o rosto da musa etérea. Viu nos seus olhos ressacados a vibrante intensidade do quase-negro que lhe conduziu o ânimo a estatelar-se com os requintes delicados do amor romântico. Achou os seus lábios perfeitamente túmidos e torneados, os seus cabelos desenvoltos sobre as costas coisas únicas. Porém, desatento que estava colorindo o coração com esses castelos e bosques feitos em papel e verbo, não se atentou a quem, reclusa em uma áspera solidão concreta, lhe observava, sem esperança, de longe.

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