sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Bons romances

As primeiras frases ilustram o argumento. Quando elas são ruins, não se pode cobrar atenção às verdades nele depositadas. Um livro de Ken Kesey, cujo título é Um Estranho No Ninho, há um tempo atrás, quando o li, me convenceu disso: fundado com imagens chamativas, o impacto causado pela forma como são descritas impulsiona o leitor, arrematado por elas, às páginas seguintes, em que se percebem, não obstante haja a ressalva da tradução, uma queda visível no estilo como é levada adiante a narrativa. A esperança de que o final faça justiça ao começo idiossincrático, sujeita o interlocutor a não abandonar o livro, a perseverar no apanhado de páginas mal contadas que sucedem àquelas frases iniciais que prometiam muito. E o final, a contragosto, por vezes não guarda nada que não pudesse ter sido premeditado. Isso posto, agora entendo o personagem do romance A Peste, um dos melhores de Camus, que não consegue transpor as primeiras linhas do conto que está querendo narrar, reelaborando as primeiras frases infinitas vezes.

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