sábado, 3 de novembro de 2012

Alusão a Ricardo Reis

Os meus olhos miram uma sombra que turgesce sobre tempo: encobrindo a tudo, unta passado e futuro em um instante calcinado por milésimos e segundos. E assim emulo, sem o saber, a dinâmica dos rios: as marolinhas salientes em águas que não se alteram, as folhas levadas ao longo dos regatos até a margem, sou eu. Ornando as traquinagens lúdricas e perenes da natureza, desejando a sua sensualidade indiferente, com o estômago vazio de uma fome insaciável, sou eu mesmo quem passo. Por quê? As coisas de Deus não se traduzem.

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