domingo, 30 de dezembro de 2012

O problema da cultura

A apropriação do discurso artístico como forma de fetichizar o pensamento e torná-lo vendável é uma das nuances mais recorrentes dos estudos culturais. A transgressão dos objetivos éticos da ciência coaduna o componente subjetivo indispensável para o fortalecimento hegemônico da ideologia do mercado. Ficções inaudíveis, desprendidas de toda e qualquer finalidade social, são criadas em ritmo acelerado. O pasticho, desse modo, é sobreposto à séria teoria, a forma é compelida a transcender o conteúdo e as manifestações mais incoerentes, levadas em consideração como fenômenos culturais desligados de um contexto causal, são utilizadas como elementos catárticos no ritual profano da agressão ao saber. O discurso acadêmico acerca da cultura se estabelece como o equivalente conceitual do trabalho reificado – e a estrutura metabólica do capitalismo, fazendo disso usufruto perene de sua subsistência, reproduz-se pela via do exercício intelectual, sob a forma de uma produção científica insossa e politicamente estéril.

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