O alarido dos trabalhadores
é o mesmo. Cada boca resmunga
o sabor de ferrugem do pão.
O sol se inclina sobre testas envernizadas,
intromete-se entre o enxame caloroso da condução,
e encharca de suor a farda, a vestimenta barata,
lacerando os pingos de jovialidade que coravam
de pouca alegria rostos tão humildes.
Uma canoa envelhecida, há pouco desembaraçada do cais,
vai ter com o rio. Olho-a dos meus 20 anos,
da altura de modestos sonhos, e a sua lentidão
nostálgica inunda de pesar minhas retinas.
Sob o céu há também um barco à deriva:
há estas horas opacas olvidadas por Deus.
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Continua profético seus versos. Faz tempo que não venho por aqui, mas me deparei com a mesma profundidade e latência com que sempre fui agraciado em seu espaço. Viva!
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