Conto. Pela fresta descoberta entre as cortinas, um feixe poeirento de luz solar encontra, sobre o centro da sala, o celular abandonado: o seu visor, repentinamente avivado, alerta sobre novas mensagens depositadas na caixa de entrada. A vida pulsa cotidiana lá fora, com os marteletes da construção civil entoando, ao demolir, a interminável música do progresso. Dali a pouco, mais uma noite desabará sobre o mundo, e os carros, definhando sob o tédio dos engarrafamentos, já esperam a escuridão com os faróis acesos. Sobre o sofá, dois controles remotos despojam o peso sobre um maço volumoso de holerites. Entumecido, ao lado dos correios, o homem dormita, desprendido de sonhos e preocupações, como se com frio.
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