Paixão. Ocorre a quem reflete sobre a paixão relembrar o icônico Lucien de Rubempré, de Balzac. Com as vistas repousadas sobre a ideia da coisa amada, somos todos o jovem interiorano que urde na solidão de sua inocência campesina desvarios aventurescos sobre as delícias da capital. Aos olhos que fitam longe só turgesce o que brilha e, dessa distância, tomamos ao que estamos separados pelo hiato do desejo como seres de natureza onírica, instituídos de leveza angelical. Daqui, tudo gravita com liberdade no espaço níveo, sem sustentar o peso da vida profana; o que cintila, converge numa unidade genuinamente sagrada e imaculável, longe do caráter excessivo do pecado. Daqui, o tecido guarda o eflúvio prazeroso do perfume sem envolver os bocados sensuais da carne; e o que constrange, sendo fosco, não penetra à retina embebedada.
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