terça-feira, 31 de maio de 2022

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Nazismo no Brasil. A aversão de Bolsonaro à legalidade imiscuiu-se no seu mandato como elemento essencial de seu fazer político. Quando as suspeitas que o rondam não precisaram ser ataviadas pela retórica leniente dos juízes, quando os corpos de sua prole não precisaram ser salvaguardados pela toga ao sentirem de perto o calor intenso da prisão, a ruptura institucional esteve sempre no seu radar. O aspecto positivo desse jogo de tensões inaugurado pelo capitão é substancialmente geométrico, porque desvelou, não só para os fascistas que o garantem mas também para uma esquerda cada vez mais melindrosa, as proporções reais do poder emanado pela côrte e que a verticalidade pressuposta pela finnesse de suas vestes é extremamente tênue, a ponto de ser facilmente vencida pela motivação de um cabo e de um soldado. Se a dissolução desses poderes está inscrita na agenda de qualquer revolução, ela representa também um movimento que inaugura a tirania, porque o direito incorporado tanto por uma como pela outra, não possuindo fundamento transcendental que as garanta como puramente justas, espelha os interesses dos vitoriosos na disputa política. Sendo assim, quando Bolsonaro contradiz suas pulsões disruptivas e invoca as leis sem o acometimento de excessos no caso do homem torturado por policiais rodoviários federais em Sergipe, ele defende implicitamente não a justa reparação preconizada por elas, mas o abrandamento do direito ante um crime inescrupuloso e indefensável, porque dois policiais monstruosos, para ele, continuam tendo mais valor que um anônimo cuja vida fora vilipendiada de forma infame e brutal.

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