sábado, 5 de junho de 2010

Millian

Doce Millian que, naquela época, me encheu de beijos,
desvelando da casca do imaturo profissional em jogar bola de gude
um amante sem talento e carinhoso.
Naqueles tempos você fazia ensino médio
e eu estava na sétima série, não me esqueço do disco
do RPM que você me deu em troca de que pedisse a minha mãe
que lhe fizesse uma escova nos cabelos.
Não pedi e ficou por isso mesmo.
Se fosse hoje, estaria morto:
pelo dado há de haver o dado.

E ainda agora, quando pensava mais a fundo nessa parte lancinante,
revi a lavanderia da casa em que morei na rua b7,
fincada no limo do chão úmido do quintal
como se fosse a verdade absoluta,
a mesma contra a qual te comprimi e enrosquei pelos braços
na última vez.

De nada adianta a lembrança
quando agora você é feia, casada e tem uma filha.

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